Auto-retrato
Poesia, música, fotografia...
Momentos de arte pura,
Simples como partitura
Para quem vê com o coração.
Entre rascunhos, filmes e encordoamentos,
Que voem velozes os meus pensamentos,
Filhos bastardos da imaginação.
Quem dera um dia
Tais imagens, acordes ou rimanças,
Façam jus à própria criação.
O peito sofrido dissipa-se então,
Decanta o lamento...
Olhos molhados, recital deturpado,
Notas sem afinação...
Nessa querência em vão, vou-me embora sem perdão.
Eu fotógrafo, músico ou poeta,
Em boa hora digo que sou nobre,
Mesmo rodeado de tanta rima pobre,
Pois na face triste eu já sorri,
Na desafinada surdez eu já cantei,
Até a solidão já aqueci, numa esquecida noite fria...
Ora nos versos,
Ora nas notas,
Ora em mim mesmo.
Fotografia.