É meu

Para ser um bom homem,

do meu sono abdiquei.

Enquanto pessoas dormem,

quero ficar aqui observando o que não sei.

A cada livro na estante,

nenhum quero ver outra vez.

Quero que apodreçam com essa linguagem que nunca entenderei.

Para os que dormem,

não se preocupem,

cuidarei do mundo de vocês.

Cuidarei silenciosamente,

sem retribuições,

só para dizer que cansei.

Cansei de falar o que nunca saberei e o que não serei,

para as velhas mágoas da minha ignorância,

meu adeus mandarei.

Por mais que eu ame, em minha vida sosseguei.

Do sofrimento só levo um abraço,

agora retire seu braços,

pois de você nada retirei.

Se o fundo do poço é lei,

quero que o mundo comece outra vez,

pois nesse poço não quero chegar outra vez.

Esse papo de mundo metafísico na minha cabeça é fugaz, quero ser singelo, porque nessas linhas o mundo é meu e não entrego a ninguém.

Plínio Platus
Enviado por Plínio Platus em 29/02/2008
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