Turista Acidental

É tão claro

Quanto me parece?

Ou estarei iludido

Ao ver tua prece?

Serei o mais acertado?

Terei eu despertado?

Achado rumo, ou ainda,

Me posto no prumo?

Se enquanto fico,

Me apoio no chão

E viajo em mim

Em meu coração

Vejo vocês voarem

Irem, e livres voltarem

E ainda assim choram

E em mim se demoram.

Qual o sentido

do livre voar?

Tamanho é o desejo

de ao sol viajar?

Será que a ti mesmo queres achar?

Achas que irás te encontrar?

No ar, ou no mar, a si mesmo

Se no teu próprio pensar

No teu navegar a esmo?

De que te adianta

Pôr o mundo a girar?

Numa ilha distante

Por um tempo morar?

Nas asas do vento

Fugir, se elevar

Enquanto em teu peito

Bate aquele lugar?

Que você não conhece

Que você não visita

Te adormece e mata

E a procura suscita

A viagem mais bela

O lugar mais secreto

Tu tens medo de ir

Tomas por tão incerto

Que te adianta rodar o globo

Procurando um abrigo

Se em teu próprio olhar bobo

Estás perdido, ó amigo?

Que te adianta procurar

Voando ou singrando mar

Se em dentro de ti

Existe o único país

No qual não te atreves pisar?