Tenho Medo

Tenho medo do medo.

Não de senti-lo, mas de ser por ele controlado.

Tenho medo de não tentar por medo de me decepcionar.

De fugir do jogo, por medo de perder. É melhor perder jogando a perder para o medo de tentar.

Tenho medo de me esconder de mim mesmo, de tentar possuir uma perfeição utópica.

Tenho medo de esquecer minha condição humana, de tentar me enquadrar nos padrões sociais e me esquecer de ser feliz.

Tenho medo de perder os sonhos, que seria equivalente a me tornar um andróide. Seria equivalente a deixar de lado o que temos de mais belo, o que nos faz quere ir além.

Tenho medo de me deixar escravizar por uma doença que se mascara com o nome de amor, mas que não pode sê-lo. Amor liberta, não escraviza e não se deixa escravizar.

Tenho medo de não sentir medo, de me tornar mecânico, frio.

Tenho medo de não dizer o que penso, o que sinto e o tempo passar levando embora aquelas pessoas para as quais tenho tanto a dizer. Tenho medo de me deixar controlar pelo orgulho vigente em nossa época.

Tenho medo de ser macho, esquecendo-me de minha essência, que transcende tudo isto, que nos torna iguais, independente de sinais morfológicos.

Tenho tanto medo de perder esta fragilidade, esta sensibilidade que me faz ser feliz pelo simples fato de existir, de poder olhar para todos com amor, sem preconceitos, sem cometer o imensurável engano de supor que poderia ser mais importante, perante a vida, do que qualquer outro ser.