Trem Urbano e Existencial 


Para acalmar o seu dia 

trago o meu boa noite... 

O cansaço do dia findo

tem o pânico social 

da esquizofrenia mundial 

à psicopatia gorvenamental... 

Projetos megalômanos, exportados 

e o povo morrido, 

de bandido ou de mosquito. 

Mas o trem da vida, 

persistente e romântico 

leva-me ao seu destino, 

enquanto o trem da estação 

sacode meu pensamento 

e me atravessa à cidade inteira. 

Paisagens de rostos cansados 

gente de labuta como tantos nós 

que vai e volta todos os dias 

embalando sonhos 

parados a cada estação. 

Realidade de luta, cidade sem conservação 

povo quase esquecido pela nação. 

Trabalhador que vai e vem, 

quanta contradição! 

Ainda sem pão 

alegra-se com o que tem 

e, sorrindo, diz amém... 

Como é rica a simplicidade! 

posto que, do humilde sou aprendiz 

onde quase nada é preciso 

para já ser feliz. 

Vida! Quiçá, breve, curta... 

Concede-me ainda o tempo 

do teu tempo desconhecido, 

dá - me a chance do escolhido: 

fazer feliz a pessoa da minha vida. 

Toda gente é menina 

sob a retina dos olhos meus, 

agora seus, porquanto,que tudo, 

tem seu rosto estampado: 

nas vitrines, avenidas, flores,
 
no asfalto, no mar, no salto livre 

dos exílios da alma. 

Para acalentar sua noite 

embalo o sono diante da tela. 

Impossível dormir 

sem ao menos uma poesia, 

pensando nela 

de braços abertos. 

Porque quem ama 

da resignação é herdeiro. 

Sentimento brasileiro! 

Gente de raça 

que não tem pirraça 

tira tudo de letra 

como se tira uma música. 

Mas a melodia em harmonia 

só entoará bela canção 

quando à luz do novo encontro 

estremecer o coração, 

corpo, alma e toda emoção...
Márcia Beatriz Prema
Enviado por Márcia Beatriz Prema em 08/04/2008
Reeditado em 08/04/2008
Código do texto: T936114
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