O perdão...

Ingênuo quem o exerce achar-se generoso

Posto que apenas alivia seu saldo oneroso...

Ninguém existe que dele não necessite,

Todos têm essa consciência mesmo que evite...

Ato vão se for da boca pra fora,

Meio pra humilhar quem o implora...

Inválida perante os céus tal atitude,

Ineficaz mentira que as duas partes ilude...

Tantas vezes necessárias se anunciar

Sempre é o momento dele se praticar...

Nada reflete paz entre os desiguais

Como esse gesto superior por demais...

A aura de quem pratica louvável ato

Se torna luminosa segundo há verdade no fato...

Quem faz por merecê-lo também conquista,

Na empreitada por ele da luta não desista...

As trevas seriam muito menos povoadas,

O mundo teria suas luzes incendiadas

Se alastrasse entre os homens a boa-vontade

De anunciá-lo como sentimento de caridade...

O tempo auxilia oferecendo sensatez

A quem busca compreender se não o fez...

Ao extinguir um inimigo se ganha um aliado

Que terá para ti o valor de um soldado...

Espalhe a todo canto que o faz,

Seja moeda desse tesouro que satisfaz...

Coloque-se ao lado do teu irmão

E ao dar-lhe receba honrado o teu perdão...