Para parecer que estou contente...
É a vida... Mas que vida é essa?
Os amores são fumaça, apenas.
É por isso que a gente apressa
E esquece das coisas pequenas.
Eu esqueço de viver às vezes
Quando vivo por outra pessoa.
Perco os meus dias, os meus meses,
Vivendo um amor à toa...
Acho que estou escrevendo
(Digo isto eu, como o poeta)
Pra imaginar que estou vivendo
E fazendo sempre a coisa certa.
Mas entendo pra que servem dores
(pelo menos dores de poeta)!
Pra fazer esquecer os amores
E fazer a rima ser completa.
Toda poesia tem um pouco
De amor ou ódio (se é que existe).
E eu, poeta, vou ficando louco,
Pois escrevo quando estou triste.
Eu não acho justo o que faço
Com as poesias que componho.
Sinto-me às vezes um palhaço
Falando do meu próprio sonho...
Mas o que me causa uma revolta
É que a inspiração só aparece
Quando o “velho eu” está de volta
E a dor, dentro do peito, cresce...