Amor lírico

Intensamente

A morte é murmúrio

Soprando sossegos

Ao ouvido de quem dorme

Uma vida fechada em si mesmo

Mas heis que acordam o lírico

Que se embala na doçura de seus versos.

Têm pena de não o ter

Preso aos dias

E às certezas.

E o lírico boceja metáforas

Almoça símbolos

E recomeça a noite

Ao contrário

Todos os dias em Penélope

Até à morte que o ilumina.

Guardam-no então

Em atalhos de vidro

Circunstâncias de prosa

Certezas de doutos

E ele nunca há-de agradecer

Todo o Mal que lhe fizeram.