Mumificação Memorial

A romantização da decadência e enaltecimento da miséria

São a manifestação caótica de quem ostenta tristeza e sofrimento

Dos fragmentos de memórias antigas e auto-flagela-se

Intelectualmente com essa visão distorcida e deturpada de arte

E compadece-se dos eventos traumáticos sofridos outrora.

Um mero mecanismo medíocre de escapismo dos fracos...

Uns capachos que não são capazes de permanecerem de pé

Em face das adversidades e de ostentarem honra e dignidade

Em seu semblante, mesmo que este esteja abatido em batalha.

Quem é realmente forte deve se desfazer das memórias inúteis

E sepultá-las na mente! Todo um procedimento deve ser tomado

Para o sucesso do ritual! O qual é por própria conta e risco...

Primeiro, extrai-se a razão do evento e registra-a,

Para que nunca mais haja eventos iguais e parecidos

A esse no futuro (ou, pelo menos, para evitá-los...).

Segundo, extrai-se os sentimentos, converta-os em razão

E racionaliza-os antes de registrá-los, para que nunca mais

Haja eventos iguais e parecidos a esse no futuro

Inevitável. (Ou, pelo menos, para tentar evitá-los...).

Terceiro, depois de registrados e catalogados a razão

E o sentimento do evento o qual se deseja sepultar,

É preciso fazer o processo de mumificação antes e

Providenciar o sarcófago mais preparado para essa etapa,

Pois um sepultamento malfeito pode gerar efeitos-colaterais

Causados pelos fluídos da memória morta em processo

De decomposição vazarem da lápide e contaminarem

O subsolo do cemitério com sua toxina venenosa.

(Ou, pelo menos, para poder tentar evitá-los...).

Se o ritual for realizado de modo equivocado, uma catástrofe

Psicológica eminente na cognição do desafortunado:

Inicia-se na mente e acaba por alastrar-se no cérebro,

Uma vez que a alma de um indivíduo é a extensão de seu corpo;

Quando o espírito está enfermo, a carne compartilhará do inferno.

Se o sentimento ainda ferido está à estreita de pensamentos

Em decomposição, corre o eminente perigo de infectar-se

Gravemente pelas memórias mortas que estão ainda muito vivas;

Lembranças estas que começam por contaminar o sexto sentido

E prossegue prejudicando os demais cinco sentidos do infortunado,

Fazendo com que este tenha uma visão deturpada e destorcida

Do mundo real, que simplesmente é indiferente às suas psicoses...

Afinal a verdade universal rege a realidade de tudo que existe,

E não o que uma mera illusão de um indivíduo convicto.

Então, já que vais te enganar e iludir-te para ti mesmo

Sobre o que te afliges, faça-o com o mínimo de decência

E dignidade! Não sejas mais covarde do que já és!

Não permitas que tal infortúnio permaneça vivo

A matar-te paulatinamente em torturas psicológicas!

Vá em frente e destrua essa recordação derrotista e inútil!

Aniquile todo placebo e psicose que ousam te afrontar!

Conquista a tua mente e disciplina-a firmemente!

É maniqueísta e dualista, mas o fato é incisivo assim mesmo:

Ou tu te apossa de tua mente e sê o senhor de ti mesmo;

Ou será fulminado pela tua própria mente, que te odeia

Enquanto um fraco. Seja um homem forte, e faz a tua escolha!

Do contrário, o destino escolherá por ti de uma voz por todas...

(Dhrakonioum Lendarious)

Poeta Lendário
Enviado por Poeta Lendário em 16/05/2008
Reeditado em 27/02/2023
Código do texto: T992444
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