Perdão
Descontei nos outros a dor pela perda do amor.
Desestruturei os resquícios de infância que me entorpeciam diante do medo, quando eu tinha o poder de passear entre mundos nos quais a bondade reinava.
Talvez os mundos nos quais eu transito nestes últimos anos sejam corrompidos por conta dos punhais que foram cravados no meu peito, em sonhos e em realidade.
Ainda os sinto.
No entanto, fui egoísta em infligir aos outros as tristezas que me pungiam.
Devo imediatamente enxergar os outros como uma extensão das minhas fraquezas, embora assim não o façam.
É deveras presunção crer que somente minhas dores são as maiores do mundo.
Há em cada coração um oceano, de sentimentos os mais latejantes, de aspirações as mais enigmáticas, cuja profundidade jamais poderei mensurar.