Amanhã vou extrair um dente.
Até tinha outro jeito. 
Mas odeio sofrimento em dentistas.
Passei a vida tendo dentes frágeis.
Odeios dentes.
Meu sonho é dentadura.
Mas, ninguém me entende.


Hoje desdenho da democracia.
Sinto uma dor imensa por
ser banido assim, sem cidadania.
Chego até sentir saudade da ditadura.

Mas é porque não a vivi.
Não fui perseguido.
Não tive ente querido desaparecido ou preso.
Ou ainda torturado.

Mas, conheci muitas histórias.
Cada uma mais horrenda do que a outra.
Como alguém pode querer a ditadura?

Como alguém pode desejar o julgo pela violência.
A dominação pessoal à ferros, à bala com
base na simples covardia.



Amanhã eu vou extrair um dente.
Confesso, estou com medo.
Não é a minha dentista.
Que aliás, está doente, coitada.
É mais um covidada dezenove.


Amanhã, há muitas expectativas.
Algumas boas.
E, outras sinistras.
Tomara que a consciência acalme
os corações e 
as perspectivas.

E, os corações conheçam a empatia.
Para saber que a dor do outro.
É nossa também, por tabela.
Ou por simples omissão.

Conseguiremos nos salvar da pandemia?
Mas, do poder glutão talvez não.
Que saibamos nos desvencilhar
desse roldão.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 14/05/2020
Reeditado em 14/05/2020
Código do texto: T6947523
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