perdões e algum perdão

mil perdões

perdões por amar-te incontinente

furando a ponta dos vossos dedos

com a mó salpicada de ternura

que lava e afaga a raiz desse teu cabelo

de leite de amêndoas e candura

mil perdões

perdões por gostar-te tanto

e prender-te em minha poesia acéfala de romaria

o rochedo conspurcado do desejo

que cintila no fundo dos meus sonhos

uma casa velha e dourada

um imenso jardim de damas da noite

a tarde sobre a ponte que passa pelo córrego dos cisnes negros

perdões

perdões por sentir saudade de ti

como mágico brilhante no vodu

que exaspera o que lhe fere

sobre o punhal da vossa lembrança

costurada num cetim luzente

perdões

mil e um perdões

por querer-te dentro de mim.

(Italo Samuel Wyatt)

Italo Samuel Wyatt
Enviado por Italo Samuel Wyatt em 14/09/2021
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