Alugo-me para sonhar

É neste pequeno espaço
entre o vago, o mudo e o silencioso

que me encontro.


É nesta ínfima gota d’água que pinga e respinga,
molhando veementemente minha alma,

que me faço um ponto.


Eu desejo
e ensejo
a mais pura, expressiva e etérea verdade
sobre tudo aquilo que está na face
desse nosso mundo Shakespeareano.

É neste pequeno espaço que me faço mundano.

Sou promíscuo, sou devasso, sou insano;
Sou omisso, sou nefasto, sou profano.

E quantas vezes tive que ser este ser sem graça?
Um ser que se apavora
e adoece
e adormece
e enriquece
e empobrece
e engole
o que é pra se pôr pra fora?

Empresto o meu vago,

o meu mudo e silencioso ser
para ser outras pessoas.


Empresto tudo aquilo que observo
e tudo aquilo que serve, de mim,

para criar outras pessoas.

 

Alugo-me para sonhar
e para achar que a vida é boa.
 

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Oscar Calixto
Enviado por Oscar Calixto em 23/01/2009
Reeditado em 22/05/2023
Código do texto: T1399777
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