EU VIVI...
Eu vi a rosa que desbotava
Era a vida que já se ia
Beija-flores sobrevoavam
E para beijos não mais servia...
Eu vi relógios tardando o tempo
Era a labuta que não cessava
O amado encontro que não vinha
Os sonhos que disparavam...
Eu vi pessoas num desperdício vil
Era a fartura claramente injusta
No lixo, para alguns, o banquete
Na dor, a vida jamais é curta
Eu vi gigantes nobremente humanos
E pequeninos humilhando os seus
Era a necessidade de impor poder
N'outro, o ensinado por Deus
Eu vi amigos com sorrisos largos
Trazendo fardos que ninguém via
Sempre que pude, cedi meus ombros
Só passar pela vida não me servia.
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