A inscrição no barco

A praia estava vazia,

A maré era rasante,

Havia pequenas conchas

Como aquarela na areia.

O sol despontava morno

Era um dia de inverno

À noite se dissipara

Uma frente fria.

As dunas em movimento

em um ritmo de um adágio

O caminhante não se dá conta

Do tempo, sem relógio ou celular

Há muito não percebia

O quanto esse encontro

de terra e mar, de mar e ar

me propiciava paz de espírito

Na enseada da praia do foguete

- Me perdoem não sei o motivo do nome -

Encontrei um barco ancorado

E lá havia uma inscrição

"É melhor ser craque

no esporte, marujo

do que morrer afogado

no vício do crack"

Fiquei encantado

com esse pensamento

tão singular

quanto necessário

Época de tantas drogas

das noites de insônia

dos dias de penumbra

destes jovens qual zumbis

Que deitam-se nas esquinas

Se escondem sob os viadutos

enrolam-se no que encontram

e criam um mundo de ilusão e abandono.