@@@ Apenas renego ***

Hospedo o amor, doce criatura.

Será mesmo o amor inocência pura?

Habitam nele brandas, meigas ternuras...

Versos castos em voláteis sentidos

Afrontam a pura inocência da doce figura,

Embutidos em cascas de duplos sentidos.

Clamam os sentidos do amor em ardência dormidos,

Enganos que a mente disfarça em falsetes,

Fiapos de versos d'alma esparsos !

Ah! Inocência pura o amor ?

Não! Jamais o será !...

Não é fútil, nem tão doce ou puro.

Por mais puro que fosse

Não é tão inocente,

Nem é tão doce.

Vil é em tesouros piratas.

Guardam nas latas (palavras) o ouro.

Ferrugens há corroendo o tesouro.

Ah! O amor doce criatura !

Inocente, rara e pura !

De vil ou puro canto,

Quem de sob o manto

Descobrir-se-lhes-á o ardil ?

...Se doce ou perjuro, esconde sobre o doce canto ?

Hospedo não nego, inocência pura...

Doce ardil ! Não me entrego ao vil ! . . .

Apenas renego, amor que não dura !

Eula Vitória
Enviado por Eula Vitória em 27/09/2013
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