JUNCO

JUNCO

Um junco

Entre seixos

Parece estar adunco

A procura de eixo

Está ali encravado

Ao sabor dos ventos

Procurando alento

Meio encalacrado

Mas é forte e resistente

Tal qual gente

Adaptável ao momento

Mesmo no isolamento

Bate a ventania

Movimenta-se o seixo

Alaga-se o leito

Mas ele resiste com valentia

Sairá dali arrancado

Para tornar-se esteira

E repousará a vida inteira

Num chão maltratado

Poderá tornar-se ainda

Um belo cesto

Guardando lembranças infindas

Fora de seu contexto

Sofridas metamorfoses

Muitas em overdoses

Mas continuará na vanguarda

Para o que mais vier, aguarda

Nem sempre serão flores

Nem sempre ornamentos

Por vezes dores

Noutras argumentos

Um dia será descartado

Mas isso pouco importa

Ficou semente no banhado

Para abrir nova porta

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 12/11/2013
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