O MENDIGO
Maltrapilho, sujo e cego
Deitado ali na sarjeta,
Implorava aos transeuntes...
Seu sorriso uma careta!
A todos que ali passavam,
Ele estendia a mão,
Com sua voz cavernosa
Implorava, pedia pão!...
Um lixo em forma de gente,
Traste imundo e sem futuro!
Uma figura invisível,
Escondida atrás do muro!...
Foi jogado uma moeda
Na sua cuia, no chão...
Rosto virado pro lado
Para não ver o irmão!...
Mundo ingrato, mundo vil,
Onde só e tem valor
Se estiver bem vestido,
Engravatado é doutor!...
Valoriza-se a matéria,
Ninguém pensa no espírito,
A quem não precisa tudo!...
Ao pobre, nada é dito!
Muitos louvam o semelhante,
Desde que, rico e bonito!...
Ao pobre necessitado,
Vira-se o rosto e 'vomita'!...