O MENDIGO

Maltrapilho, sujo e cego

Deitado ali na sarjeta,

Implorava aos transeuntes...

Seu sorriso uma careta!

A todos que ali passavam,

Ele estendia a mão,

Com sua voz cavernosa

Implorava, pedia pão!...

Um lixo em forma de gente,

Traste imundo e sem futuro!

Uma figura invisível,

Escondida atrás do muro!...

Foi jogado uma moeda

Na sua cuia, no chão...

Rosto virado pro lado

Para não ver o irmão!...

Mundo ingrato, mundo vil,

Onde só e tem valor

Se estiver bem vestido,

Engravatado é doutor!...

Valoriza-se a matéria,

Ninguém pensa no espírito,

A quem não precisa tudo!...

Ao pobre, nada é dito!

Muitos louvam o semelhante,

Desde que, rico e bonito!...

Ao pobre necessitado,

Vira-se o rosto e 'vomita'!...

João Correia
Enviado por João Correia em 23/11/2013
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