César

É possível que um erro

Antigo arrase a vida?

É possível que um sonho futuro

Torne-se o pesadelo de hodierna lida?

A imagem, a duras penas polida,

Sempre pode ruir!

Ah! Passado mercenário!

Dezembro, miserável pedinte!

Compraste com tuas esmolas

preocupações eternas?

Melhor seria de uma vez,

findar o tempo repugnante!

Ah! Futuro incerto!

Janeiro, soberbo mestre!

Podes tu escravizar-me a alma

Com impossíveis delírios?

Melhor seria de uma vez,

findar o tempo repugnante!

Doces, tão doces ouvidos

E olhos fulgurantes,

Perdão concedam

Pelo próximo antes!

Deus, o Deus singular,

Retira-me o vício

De só ofertar

O que é de César!