ÍNDIO, EU NÃO SOU

Não me chame de “índio” porque,

Esse nome nunca me pertenceu,

Nem como apelido quero levar,

Um erro que Colombo cometeu.

Por um erro de rota, senhor,

Cabral em meu solo desembarcou,

E no desejo de nas Índias chegar,

Com nome de “Índio” me apelidou.

Esse nome me traz muita dor,

Nosso canto, uma bala silenciou,

Minha alma inquieta ficou,

Meu grito na mata ecoou.

Chegou tarde, eu já estava aqui,

Caravela aportou bem ali,

Eu vi may-tini subir,

Na minha uka me escondi.

Ele veio sem ter permissão.

Com a cruz e espada na mão,

Nos seus olhos, uma missão,

Dizimar em nome da civilização.

Ouve agora o que tenho a te falar,

Não sou "índio" e venho mostrar,

A palavra certa a pronunciar,

Povo, etnia, é como deves chamar.

"Índio", eu não sou!

Sou Kambeba, sou Tembé,

Sou Kokama, sou Sateré,

Resistindo na raça e na fé.

glossário:

may- tini: homem branco

uka: casa

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 17/01/2014
Reeditado em 26/03/2018
Código do texto: T4653545
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