O Bom Samaritano

Há, mas tem que se compartilhar

Quase tudo é compartilhável

A cerveja, os risos

Os pratos e os prantos

A vitória e a régia

O meu canto e os encantos

O amargo e o doce

O vulgar nem se compartilha mais

Dá-se.

Compartilho meus medos,

Segredos, compartilho em meu jardim

Minhas flores e os beijos de meus amores

Compartilho minha vida

Dilacero-me, me rasgo

De mim, te dou um pedaço.

Pra alimentar sua alma vazia.

Compartilho meus sapatos

Meus livros, meus discos

Compartilho meu sexo

Ou o seu

A alegria, a folia

A novela

O serafim

A novena

A reza

O capeta e o medo do fim

Só não compartilho a arte

Minha amante secreta,

Me lambe em segredo com sua língua de todas as eras

E todos os gostos cabem em mim

Só sou egoísta com o que é meu.

E por não possuir nada

Me perco na sensação de vazio.

Alguns ouvidos gostam de ouvir minha palavra

Alguns corações compartilham afinidades.

Algumas vidas se completam

Outras se trombam

Pra depois se estranharem.

Minha poética é rasteira

Minha língua de coral

Meu coração é dos homens

Que se devoram sem igual.

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 02/02/2014
Código do texto: T4675220
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