Dies cinerus

Tudo nem é preto e nem é branco.
É definitivamente cinza.
E depois do fervor do fogo
o que nos resta, são apenas cinzas.

Há esse tom de cinza contagiante
que vai do céu ao luar.

Há nesse pó... invisível e tocante
o arrependimento dos pecados,
a efemeridade das alegrias e
a finitude do corpo,
mas não da alma.

Morre o sol
e a liberdade das cinzas
escorre pelas águas e pelo ar.

As cinzas deixam um rastro
de finitude renovadora.


Escritos nos olhos silentes e
rascunhado na pele
dos sobreviventes.

Passado a limpo
nas cicatrizes.

Há nas cinzas,
uma phoenix pronta
a renascer e
a revitalizar-se
diariamente
perante cada manhã.

Sabendo que no fim
de tudo e de todos
existem as cinzas.

Como a chave do enigma.
Como a síntese de uma vida.
Como um recado do tempo.
Enfim, a luz vence as trevas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/03/2014
Código do texto: T4717511
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