SONS

SONS

No meu silêncio

Repleto de ruídos de fundo

Ouço sons que me agradam

Outros fazem-me furibundo

Adoro o som das crianças

Em suas lambanças

Detesto o som dos adultos

Em seus púlpitos

Adoro o som dos passarinhos

Em seus ninhos

Detesto o som dos racionais

Em seus urros animais

Adoro o som das folhas

Farfalhando em brisa

Detesto o som das serras

Declarando guerra a terra

Adoro o som das orquestras

Em sua união de acordes

Detesto o som das ordens

Uníssonas em desacordes

Adoro o som do gargalhar

Destilando humor e graça

Odeio o som do chorar

Oriundo das desgraças

Adoro o som do amor

Suave e encantador

Odeio o som da dor

Provocado pelo ódio

Adoro o som da paz

Por assim dizer inaudível

Odeio o som dos conflitos

O pesar de seus gritos

Adoro o som da noite

Em seus sussurros apaixonados

Odeio o som do açoite

Em inocentes amordaçados

Adoro o som da vida

Em sua eterna lida

Odeio o som do óbito

Em seu chorar pelo incógnito

Adoro o som de vozes

Em inspirado coral

Odeio o som de vozes

Que pregam o mal

No meu silêncio

Os sons me invadem

O silêncio do olhar

Mostra-me a verdade

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 27/03/2014
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