"Não seja Mais um Tijolo na Parede"
Eu cheguei em um ponto da vida em que não consigo mais sorrir.
Não que eu não passe cotidianamente situações hilárias e engraçadas.
Situações que esqueço por alguns segundos minha bebida, e me envolvo numa gargalhada forçada.
De fato, elas também estão ficando cada vez mais raras.
O problema é que eu não sou igual as outras pessoas.
Calculistas, materialistas e dissimuladas.
Eu tenho muito o que aprender com elas.
Aprender coisas como, não importa o quão você se envolva com algo ou alguém, sempre haverá alguma coisa para atrapalhar.
E se você for igual a essas pessoas...
...você não vai querer lutar pelo que você quer.
É mais fácil largar tudo e procurar outros envolvimentos.
Eu não sou igual a essas pessoas.
Não há nada mais humilhante, afrontoso e desonroso para seu orgulho...
...não aquele tipo de orgulho cego e débil.
Mas sim aquele em que você sabe no fundo da sua alma que deu tudo de si, fez esforços imensuráveis, tremendos; mas que no final não serviram para nada.
NADA!
Esse é o verdadeiro orgulho ferido.
Eu não sou igual a essas pessoas, que distribuem palavras, emoções, gestos e olhares; não pelo simples fato de sentirem...
...mas como algo pensado, programado...
...ARQUITETADO...
...planejam cada momento e ação para seu benefício próprio.
Não há nada desse tipo de pessoa, que seja verdadeiro.
Eu tenho muito que aprender com elas.
Eu não sou igual a essas pessoas.
Elas acham, acreditam...
...VENERAM...
...aquele tipo de amor momentâneo.
Um amor para o momento, sem planos, consequências ou futuro.
Eu estou aprendendo com elas.
Algo deve ser feito. Alguém deve ceder.
Eu não sou igual a essas pessoas.
Eu sou uma criança enraizada em um corpo adulto.
Com pensamentos nobres mas atitudes deploráveis.
Eu sou quase igual a essas pessoas.
Cheguei em um ponto em que não consigo mais sorrir.
Amar é a experiência mais profana, intensa e dolorosa da minha vida.
Amar é ter seu orgulho ferido, inúmeras vezes.
Amar é fazer um voto - mesmo que silencioso - de protegê-la do mundo.
Sem perceber na verdade, que no final, era você que acabaria machucando-a.
Já consigo me ver com essas pessoas.
Meu coração batia fora do peito, exposto a tudo e a todos.
Eu não entendia muito bem como toda aquela inocência, muda você.
E eu não me lembro exatamente quando tudo mudou.
Eu só sei que mudou.
Agora eu sou igual a essas pessoas.
Impenetrável.
Nada pode me tocar.
Eu aprendi com elas.
Eu sou igual a essas pessoas.
Eu cheguei em um ponto da vida em que não consigo mais sorrir.
Eu aprendi com essas pessoas que se leva anos para ganhar algum tipo de confiança...
...e segundos para arruiná-la.
Eu sou igual a essas pessoas.
Eu não consigo imaginar alguém falando orgulhosamente de mim.
Como poderiam?
Eu sou EXATAMENTE igual a essas pessoas.
Nilton Bruno.