A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE NÃO SER - A Ana Stoppa

No início da madrugada de 09 de junho de 2014

Poema de 2010

Este momento é só meu

dele ninguém mais sabe

nem eu.

Estrangeira aqui e em toda parte

como o Pessoa

e não como o Pessoa

nunca estou onde estou

nem estou onde não estou.

A tarde escoa morre

inteira fora

não depende de nada

nem de ninguém

como eu não dependo de mim.

Parece que estou a árvore

na praça em frente

mas não estou a árvore

na praça em frente

nem me pareço com alguém

que olha pela janela

a árvore na praça em frente.

Na janela se projeta uma sombra

Da árvore?

De mim?

Cegueira sem transcendência.

A noite caiu

e não quebrou

esta insustentável leveza

de não ser.

Abraço grande, amiga.

REPUBLICAÇÃO.