Holocausto Brasileiro

Ecoam as vozes roucas, pelo tempo!
Como andarilhos sem destino, pra lá, pra cá,
sopradas aos quatro cantos pelo vento
angustiadas, não veem a hora de chegar.

Portas foram batidas, rostos foram virados,
olhos testemunhas; bocas se calaram!
Braços inertes; ouvidos fechados.
Nem as narinas do fedor lembraram!

As vozes gemem e clamam por justiça!
Uma a uma condenada à própria sorte;
largadas, rejeitadas como mortiças,
tendo como amiga a tão sonhada morte!

Rebeldes; prostitutas; tímidos; indesejados;
mendigos; doentes mentais; desvirginadas;
transportadas no trem dos rejeitados
pra que suas vidas, por fim, fossem apagadas.

Que monstros! Que monstros foram aqueles?
Almas demoníacas travestidas de humanos!
O mundo precisa saber quem foram eles,
verdadeiros loucos de gestos insanos!

Foram destruidores de vidas e lares!
Por capricho, vaidade e interesse
cometeram barbaridades e males
agindo como bem entendesse.

Esses mensageiros do diabo, inspirados,
Venderam suas almas feito Fausto;
e à sombra do ocorrido no passado,
criaram aqui um novo holocausto!

Mas chegada é a hora da verdade!
Às vozes, enfim, descansarão.
Expostas, uma a uma, as crueldades,
trará justiça às almas e redenção...

                 *          *           *

Baseado na leitura do Livro "Holocausto Brasileiro" da escritora Daniele Arbex "Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil: Colônia, Barbacena(MG)" - Editora Geração, 8ª edição, Dezembro de 2013

Crédito da Imagem: Luiz Alfredo, Revista O Cruzeiro
Maurício Pais
Enviado por Maurício Pais em 26/06/2014
Reeditado em 26/06/2014
Código do texto: T4860055
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