Ditadura

Ele tinha uma espécie de toque de Midas

Suas poesias depois que eram lidas

Modificavam destinos e inúmeras vidas

Eram quase palpáveis, praticamente absorvidas.

Suas palavras alcançavam onde ninguém atingia

Atenuavam ou mesmo aplacavam tudo que afligia

De súbito, seus leitores se contagiavam de alegria

Como um pote de ouro que o arco-íris anuncia.

Ele escrevia única e simplesmente por prazer

Para liberar tudo que não conseguia conter

Seus versos eram extensões do âmago do seu ser

Para ele, não existiria vida se não pudesse escrever.

Escrevia a toda hora em qualquer local

Da sua exclusiva forma, acima do bem e do mal

Suas letras se juntavam de forma absolutamente natural

Adorava reticências e evitava colocar um ponto final.

Um dia sua plena liberdade descobriu a censura

Apagaram-se as estrelas e caiu a noite escura

Sua criatividade foi podada e ferida de maneira dura

Agoniza o poeta e sofre a arte na estupidez da ditadura.

Ello
Enviado por Ello em 13/08/2014
Código do texto: T4920469
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