Ai de nós

Ei! Você aí! De terno... Sabe tudo...

Pinguim que dá palestra, conselhos,

Rodopios e trejeitos;

Mas não dá na bola não, dá de sola.

Curador de dores sem sentido,

Tá prontinho para ser pajé...

Eu sou apenas um pajem; cuidador

De sonhos afoitos e esquecidos.

Só sei que, quanto mais se enche a alma

De coisas triviais, mais ela se esvazia.

Você sabe tanto quanto

A própria ignorância há de saber.

Do mundo e do fundo

Do fim de tudo em um segundo

Ou da eternidade muda e esquálida.

Não vê que as crianças não aguentam

Tantas informações?

A esquizofrenia está comendo pelo rabo

As multidões de sábios do castelo;

E você fala... Fala... Fala e fala...

Quando capitalista, apenas capta a lista;

Socialista, associa-se à lista dos que

Torturam um sistema agonizante.

Sem trazer novas soluções,

Vive regurgitando coisas que foram ditas

E feitas por pessoas mais sábias que você;

Mas que, por alguma razão, não servem

Para os tempos do agora eterno,

Instáveis e inconstantes como a água.

Enquanto você fica aí falando

Completo e sabido, eu sei...

Tenho a eterna capacidade do crescer

Sem fim, sem completude e, ainda assim...

Ai de ti... Ai de nós... Ai de mim...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 19/08/2014
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