Missão de Maqueiro
Maca branca, lençol branco,
Corpo quase incolor.
E o maqueiro, meio manco,
Segue pelo corredor.
A maca fria e inclemente
Ruma para o necrotério.
O morto é um indigente,
Sua morte, um mistério.
O maqueiro mostra calma;
Mantém firme o coração;
Não traz tristeza na alma:
Cumpre só sua missão.
E, como o morto, indiferente
A qualquer dor ou sofrimento,
Ele é frio e nada sente:
Nem remorso, nem lamento.
O maqueiro lembra a morte,
Anunciada ou de repente,
Que leva o fraco e o forte,
O errado e o decente.
A morte é sempre implacável;
É mensageira certa e fria.
Por ninguém manipulável,
Jamais se engana ou se adia.