Ser simples

Até queria falar claramente

Só que simplicidade demais é cilada

Uma vez que busco o que não tem nome

Ainda mais a palavra sendo neutra

N'outra cena se encaixa melhor

Não quero acabar com o entendimento

Só me rendo no canto trabalhado

Gosto muito, gosto tanto de labirintos

Neles me perco sem novelo

E quero atiçar sua passada

Essa massa cinza, tuas conexões são mais frias

Quero o calor dos contos sem contar caracteres

A linguagem popular cabe melhor nas bocas

Nas desdentadas, nas roucas, nas ruas

Quero alcançar os tempos do próximo milênio

Entenda por bem, que se te quiser

Entenda o que vêm, como vier

E se sobrar vontade encaixe as cabeças

Quebre a pobreza das expressões

Passageiras e com data de validade

Feitas na vaidade de puxar as cordas

No entrelaço de bonecas tortas

Nos pedaços de vida morta

Que aceita qualquer coisa por não filtrar

Que ceia qualquer sopa como manjar

Que faz manha pra não acordar

E não se entende por não tentar