Nada mais adianta...

... então nos afogamos em poças de palavras,

porque atos e fatos não são plausíveis;

deixamos na corda perpendicular ao Tempo

- no laço que estreita a garganta –

os fardos leves, porque sonhos que carregaríamos,

para levarmos outros, e nos ombros,

sabedores do peso que se agiganta...

Não, não mais adianta...

Então choramos toda a poça que nos resta,

porque nos restam coisas impossíveis;

deixamos à lâmina o seu serviço frígido

de desvincular artérias, antes prováveis,

em nome de outra poça, ressequida e esquálida.

Não mais adianta...

Então restam versos – esse grito natimorto

desde a alma do poeta –

porque nada mais adianta...