ANIVERSÁRIO

E aquele TIC TAC

Modernizado

Com sorriso digital

Ou aquele toque ritual

De uma música que não escolhi

Ou ainda

o sol acordando

Depois de ninar a lua

E o mais contundente dos avisos:

O grande espelho em minha sala de estar

Olho para a minha face e vejo linhas que nasceram ontem

E divertidas avisam-me que ainda estou nascendo

Todo dia....

Surpresa,escancaro um suspiro com lentes de alivio

Não sem antes tocar e lhes dar as boas vindas

Linhas Alvissareiras...

Corri para o registro das minhas memórias

E pude perceber o quanto elas tinham razão

Pisei na terra e não me contive

chutei a primeira pedra que vi

Não senti dor

Entendi

Agora já sei chutar pedras

Acariciar sulcos no meu rosto

Fechar as portas dos meus ouvidos

Quando não quero ouvir absurdos

Ouvi-los,

quando achar que também posso ser um absurdo

acatá-los quando QUISER ser um absurdo

Mudo toda vez que amanheço

Adoro...

e ignoro que um dia alguém pegou aquela pedra

marrom acinzentada e esculpiu um modelo

uma espécie perfeita

“digitalizou” e distribuiu por entre a terra onde eu vivi.

E que ninguém alcançava os contornos da grande escultura

Principalmente a medida da emoção

A tal da felicidade que se pretende comprar....

Porque lá onde eu vivi

Se não se é feliz

Tem que ser atriz...

Ah ...como gosto de chorar na rua

de emoção ou de desespero

sem graça ou com tempero

Como gosto de escancarar gargalhadas

Como gosto de dizer que não entendi piadas

Como gosto de falar “eu te amo”

Precisando de você ,lhe chamo

Digo NÃO quando me convém

Mas adoro dizer sim e fazer feliz

Alguém...

Sou louca sou trapo

Sou deusa sou fato

Sou frio sou calor

Sou qualquer coisa

Que venha unicamente

Da minha voz interior