MOMENTOS (Florescência) Abismo

ABISMO

Fila Sabino

Oh! fazes de mim a tua máscara

E verás pelos meus olhos que só vejo a ti

E que de ti , nos mesmos rumos, me encontro caminhando para um mesmo fim

Verás quão frágil me suponho, se me estás tão perto e não te apanho

E para que sentido me enveredo, se me descanso de ti me arredo e o arco-íris se põe a escurecer, e os caminhos se põem a espalhar _ num só caminho mil caminhos _ um deles tu escolheste, e mesmo que não estejas a me esperar estarás bela como sempre acostumei-me a ver-te.

Teus olhos por meus olhos hão de ver quão triste pela vida hei de ser se de tanto sonhar-te ainda me canso, se de tanto buscar-te ainda me esqueço, se de tanto... tanto... te... ainda!

Como é triste a flor perder o cheiro e em cada rastro uma pétala deixar!... E um dia, na volta da ida, ter que recolhê-las. Descobrir que elas se foram com o vento. Se juntaram a acontecimentos. Roladas no tempo caminharam a esmo. Imagine, nesse momento, que elas estarão a voar. Soltas no ar. Assim, como para mim estás agora, estarão elas em todo lugar!

Vê-las!... Tê-las, como miragem! Senti-las e não tocá-las! Só sonhá-las!...

Como tenho olhos para os teus olhos! Como tenho risos para os teus risos! Quantas noites tenho para estes sonhos! Quantos sonhos tenho para este abismo!!!