NÃO QUERO SABER

NÃO QUERO SABER

Parei tudo para narrar

o vazio daquele copo

Dá-me o papel,

rápido,

antes que tudo se vá...

Mergulha o rosto em todo aquele oco

Olha para o fundo do copo

como se olhasse para um espelho

E tira as tuas conclusões...

Dá as mãos aos que ali lhe pedem um único sorriso

E abriga no peito

aqueles que passeiam leve

que nada te pedem

Que constrangem-se em pedir-te.

Não , não sei o porque...

Somos todos da mesma raça...

paridos na mesma praça

Somos cara boca e dentes

Somos todo o cansaço

daquele velhinho doente

Somos o ladrão da porta da igreja

Somos a embriaguez do vinho

da cerveja

Somos o torto,

O dito pelo não dito

benditos, malditos..

Somos todos iguais

não só nessa noite

E copo cheio ou vazio não faz a menor diferença

Somos minúsculos

em qualquer crença

Somos filhotes de algo que ainda vai nascer,

o fruto das dúvidas...

Pobres coitados que querem tantas certezas

Que intentam saber...

Melhor viver... melhor viver....

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 29/11/2014
Código do texto: T5053042
Classificação de conteúdo: seguro