NÃO QUERO SABER
NÃO QUERO SABER
Parei tudo para narrar
o vazio daquele copo
Dá-me o papel,
rápido,
antes que tudo se vá...
Mergulha o rosto em todo aquele oco
Olha para o fundo do copo
como se olhasse para um espelho
E tira as tuas conclusões...
Dá as mãos aos que ali lhe pedem um único sorriso
E abriga no peito
aqueles que passeiam leve
que nada te pedem
Que constrangem-se em pedir-te.
Não , não sei o porque...
Somos todos da mesma raça...
paridos na mesma praça
Somos cara boca e dentes
Somos todo o cansaço
daquele velhinho doente
Somos o ladrão da porta da igreja
Somos a embriaguez do vinho
da cerveja
Somos o torto,
O dito pelo não dito
benditos, malditos..
Somos todos iguais
não só nessa noite
E copo cheio ou vazio não faz a menor diferença
Somos minúsculos
em qualquer crença
Somos filhotes de algo que ainda vai nascer,
o fruto das dúvidas...
Pobres coitados que querem tantas certezas
Que intentam saber...
Melhor viver... melhor viver....