TRIBUTO À INSENSATEZ
Ó árvore insensível,
até quando
fincarás a tua raiz
no lodo que a rodeia
e que enlameia
o fulgor de tuas folhas?
Até quando
deixarás que as sombras
encubram
as veredas
por onde caminhavam
os que iam
em tua direção,
e em paz?
Até quando
deixarás que o torpor
das ervas alucinógenas
queimem as pegadas
dos que ainda tentam
te seguir nesta escuridão?
Abandonastes a retidão
de pontos de vista
dos que conhecem
para além de ti,
para abrigar-te
às opiniões alheias
que entorpecidas,
à mão cheia,
espantam
os sábios, que,
sob tua relva
esteiam teus tênues galhos.
para que não pereçais
ao sabor do vento!
Lembra-te
do caniço
que vergava
ante a tempestade,
indo ao chão,
mas
permaneceu,
fincado no equilíbrio da razão!
Até quando,
abrigar-te-ás
às opiniões alheias
que entorpecidas,
à mão cheia,
espantam
pássaros que,
camuflados sob tuas folhas,
ainda cantam ao amanhecer?