A ESPERA

Existem palavras que

moram em

mim.

E eu as ouriço

com um pouco dessa

minha fome

dessa minha

vontade

(um pouco tímida, um pouco sem jeito)

de traduzir tudo quanto

sinto

em fala, em gestos.

Com essa necessidade

(acanhada)

que tenho de deixar

que meu coração

saia do

corpo.

Elas querem minha boca

minhas mãos

ou um

papel.

Mas eu prometo a mim

que um dia

eu deixo.

Nesse dia

talvez

elas parem

de fazer cócegas

saltitando ansiosas

na minha

língua.

Enquanto isso

elas olham

da janela.

E esperam.

Talvez por um

descuido.

Talvez por uma

felicidade

do acaso.

Dona Iaiá
Enviado por Dona Iaiá em 30/12/2014
Código do texto: T5085706
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