A ESPERA
Existem palavras que
moram em
mim.
E eu as ouriço
com um pouco dessa
minha fome
dessa minha
vontade
(um pouco tímida, um pouco sem jeito)
de traduzir tudo quanto
sinto
em fala, em gestos.
Com essa necessidade
(acanhada)
que tenho de deixar
que meu coração
saia do
corpo.
Elas querem minha boca
minhas mãos
ou um
papel.
Mas eu prometo a mim
que um dia
eu deixo.
Nesse dia
talvez
elas parem
de fazer cócegas
saltitando ansiosas
na minha
língua.
Enquanto isso
elas olham
da janela.
E esperam.
Talvez por um
descuido.
Talvez por uma
felicidade
do acaso.