Carícias para um ego vaidoso

Não cobiço os teus dotes, literato,
nem a tua febril inteligência,
mas nunca desdenhei da competência
que tu cultuas como predicado.

Talvez eu seja um louco obcecado
no brilho ofuscante da poesia,
sintoma de uma rara ectopia,
que traz meu ser poético tatuado.

Sou, como um arco-íris degradado,
despido do espectro luminar.
Minha vaidade esvai-se pelo ar,
junto a cada poema recitado.

Assim, de todos os dons e dos pecados,
que são o céu e o chão do criador:
como a paixão, o ódio, o amor...
o da vaidade, sim, me foi negado!
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/01/2015
Código do texto: T5094051
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.