VOLÚVEL

Não fico rindo, teso, alegre,

vibrando sobre um terremoto,

trancado à casa que desaba,

louvando à austera natureza

e ao seu brutal trincar de terra

enquanto poso para foto.

Eu tento sim salvar-me em fuga,

mas não minar aquosos sais

dos olhos, vísceras, à toa,

às penas por ontens remotos,

rogando à Terra mais brandura

ao fustigar-me o corpo fraco.

Porém também não me condeno

se caso tudo caia em mim,

pois ilumina-me a consciência

de que esta vida dá-se à gente

somente enquanto sente gozo

e quando enjoa logo cisma

de eliminar-nos, repentina,

seja em bonança ou terremoto.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 13/01/2015
Reeditado em 13/01/2015
Código do texto: T5100536
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