Caminho da memória
Corro dentro do MEU corpo
as sombras
As sombras invadem-ME como o sangue
ME corre
no corpo
As sombras são os MEUS abismos,
puxam-ME para dentro de MIM e vertem luz
com a intensidade com que as lágrimas
se agarram às raízes do rosto
O vento é o único caminho da memória
que ME conduz
a lugar nenhum
Debaixo da sombra crescem-ME lugares
que só os cegos vêem
E o vento toca a escuridão dos MEUS versos
e descobre-lhes o rosto vazio
de deus
Envolvo-ME na memória
e no desencanto dos dias
vazios e sós
Aqui, onde ME encontro
no único lugar vazio de lugar nenhum,
espreito as vozes tardias que tocam a escuridão
antes de ME abraçarem
Há feridas abertas no céu da noite
que mais ninguém ousa ver, senão EU
Dentro de TI,o silêncio e as palavras por dizer
com medo de TE mostrares
Acorda…
quando vires os teus olhos a verem-TE
é tarde,
porque já a sombra e a noite escreveu de TI
que após as últimas pás de terra a cobrirem-TE
e a aconchegarem-TE as ossadas
nada mais encontrarás para interrogar
senão a paz mórbida e podre da sepultura
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MF© Muralha Inquieta (2011)
MF são as iniciais de Miguel Faia, outro pseudónimo, a quem atribuí uma série de poemas que em tempos escrevi)
-publicado em https://www.facebook.com/alvarogiesta/notes