APLAUSOS PARA O PERDÃO

Brilhei nobreza ao doar perdão

para o sujeito que abriu-me a cara

com chute e murro dos ódios crus,

cravando chaga de humilhação.

Eu todo altivo emanei polido

a fala canto de santo ser:

Eu te perdoo, que és meu igual,

não é por mim que serás punido.

Mas não senti o esperado alívio

de quem perdoa a emoções e nervos,

somente o ópio que flui do aplauso

dos que passeiam no meu convívio.

Então num ato em magia estranha

me foi clareado o que acontecia:

Eu mergulhei na nudez virgínea

do mais oculto de minha entranha...

E vi – que feio desejo, aquele –

meu lábio atado no tal sujeito

e arreganhei, na sequência, os dentes

ainda sujos do sangue dele.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 02/02/2015
Reeditado em 02/02/2015
Código do texto: T5123164
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