O Poço (Sombra)

Luto contra o cansaço

Ele é forte, mas me mantenho alerta.

A dona da voz me disse para lutar

E aqui estou firme e forte a lhe esperar

Está escurecendo novamente

Olho para o pouco do céu que me resta

Vejo estrelas e a Lua me

Que estranhamente parece sorrir

O Poço não está mais escuro

Nem frio.

Sinto a água baixar,

Até mesmo os grilhões afrouxar

Uma energia gigantesca se apossou de mim.

Esperança.

Um desejo imenso de que ela voltasse,

Mesmo sem ajuda, só queria ouvir sua voz.

Estive tão sozinho ali,

Que me esquecera de como era sonhar.

Fechei os olhos e tentei imaginar o mundo

Alegre, feliz e agitado.

Eu livre do Poço e ela correndo na grama com os pés descalços.

Sonhei acordado, na noite quente.

Observado por estrelas, seduzido pela Lua.

Ouço passos vindos de cima.

Ela retornara com ajuda.

Engano meu.

No alto, uma sombra esmagadora me encarava.

Quis pedir socorro, mas senti uma apunhalada.

Olho para baixo vejo sangue.

A Sombra abre um sorriso macabro, com sua voz rasgada e silenciosa,

Diz-me que é chegada a hora.

Imploro por piedade

Ela gargalha como hienas em cima de carcaças.

Meu peito sangra, pela apunhalada da lança,

Da macabra Sombra.

Em um último esforço, grito do fundo do Poço.

Ela vira me buscar. E daqui me arrancará!

A Sombra se curva à beira do Poço

E do alto proclama.

Sua amada salvadora não retornará,

Pois este Poço irei selar.

Sem se prolongar

Uma imensa tampa rachada

O Poço começou a tampar.

Gritei, mas não aguentei o peito latejar.

Só então o medo retornou.

Olhava para cima e tudo o que via

Era um macabro par de olhos sorridentes

Iluminados pela luz da Lua, que agora chorava suas estrelas cadentes.

Roger Silven XII
Enviado por Roger Silven XII em 20/02/2015
Código do texto: T5144009
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