Óbito
É estranho neste momento,
deparando-me neste teclado
Revendo o meu passado que ao
escrever era um entusiasmo
Sempre carregarei no meu bolso
as obras por me elaboradas
Construídas em passagens afins
pelas emoções insinuadas
O hoje, não tão distante da
história, mostra uma mudança
Do princípio das perturbações até
o limiar da bonança
O homem barroco, o ser que
trouxe na tristeza o insano prazer
E a questão espiritual que mal
poderia entender
Se é que posso falar que existia o
ser religioso dentro de mim
Não detentor de uma ideologia,
mas saturado de crença e magia
Talvez o meu caminho estava
nítido, adepto a outra concepção
Porém, enfermo, prossegui com
este peso em minha formação
Os Seis, que por um lado era uma
aventura estudá-los
Caro Freud, apliquei suas técnicas
sem notá-los
O agora, não tão longínquo da
história, infere que ele morreu
Posso ter plena certeza disto?
Não será um crasso engano meu?
Fechando os meus olhos, concluo
que eis um caráter indubitável
Liberto das algemas pragmáticas,
de um mundo imutável
Caminhando pela natureza, sinto
o frescor da liberdade
Divinos não podem deter a minha
busca pela alacridade
O Barroco pereceu do lado daqui,
onde terá um descanso merecido
Sua matéria agrega o cosmos
agora cujo valor não será esquecido