Preso, hein!



Sim, preso e arrastado em TV que é castigo e ilumina escravidão suave
E estou à mercê dessa fantasmagoria de luz cínica, imagens lisas, côres
Prisioneiro do ostracismo mundano de hoje o esperar iluminadas alegrias

Sim, este que sou a olvidar-se entre gravados e maus lembrados, inerte!
E fico a espreitar a negra face da técnica que assombra os antepassados
Solto entre a liberdade do vir-a-ser e obter ganhos nesta vida silenciada

Sim, o grilhão que me assiste que impõe a sua visão de vidro e plástico
E sou perdida, assumida felicidade falsa, um preso a falsas necessidades
E antigas recordações tentam seduzir o meu amôr incólume aprisionado

Sim, o escravista escravizado, determinado a ser números numa lista vã
E permaneço a estar solene entre sono, vigília, continuado ser indecente
Sirvo-me do gelado banquete de sons e fatos, o esfomado pelas notícias

Sim, nas cinzas em tons impossíveis, amores de ilusão, mil propagandas
E absorvido pela nuvem não vista, a sombra eletrônica, estou a sedução
E amei cada átomo que por esta linha vista se expõe na mídia digestiva!

Sim, a louca, o telespectador, este que vos clama não seduzir-se jamais
E se deixar levar pela mentira válida no noticiário com um rosto impostor
E ser um alienado, alienada mente mundana, neste mundo de farsantes

Sim, o efêmero ser humano, a se enterrar na verdade insultuosa malsã
E ser aquilo que te consome, na massa onírica da imagem que impõem
E sair à rua sem motivar as mãos que deviam ser livres para vencermos