Quando bate um desfecho

Queria eu que a faca quente

Desmanchasse a cor negra

De minha pele fria

Mesmo gástrico e estridente

Gostaria muito de ser por dentro

Um oceano de gotas vazias.

Calejar os pés em rachaduras

Despentear os fios ralos e secos da cabeça

Abocanhar minhas incertezas

Dobrada em prantos de joelhos

Em cima de minha alforria.

Ventre jorra mar vermelho

Cuspindo fogo pelas brechas cavernosas

Fazendo da mente triste desfecho

Falecendo o peito em agonia a toa.

No frio e reprimido leito

Aqueço o berço

De um anteposto contista

Sepultado em cortejo

Por minhas memórias no mundo varridas.

Onde quer que eu me recoste

Ou o que quer que minha boca diga

Espirrará de mim somente sangue

De uma dor não somente dolorosa

Mas de ante mão, por nós sofrida.

Mvitoria
Enviado por Mvitoria em 23/07/2015
Código do texto: T5321393
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