Confabulações interiores

Do alto da montanha observo,

faço planos para longas jornadas,

mentalizo objetivos calculados,

reflito sobre as agruras do caminho,

penso nos detalhes de cada passo,

respiro para dentro de mim mesmo,

de olhos fechados enxergo possibilidades,

sorrisos espontâneos que brotam,

como plantas crescendo em território árido,

ávidas por gotas de orvalho,

sou um território em reconstrução,

após tantas guerras e escombros,

ergo cada pedra e me reconstituo,

buscando ser o melhor de mim,

tropeçando em fios soltos,

sacudindo a poeira do horizonte,

usando uma bússola para seguir,

percorro áreas antes desconhecidas,

solidão, quietude e paz, não há tristeza,

fragmentos de memórias dispersas,

telas de outras vidas arranhadas,

árvores resistentes as tempestades de areia,

nunca tudo pareceu fazer tanto sentido,

só precisei voltar a me reencontrar,

confabular com ideias conexas,

entender os sinais pontuados em meu mapa interior,

e agora há tanto por ver, sentir e fazer,

uma viagem para um descampado,

pegando raios com as mãos,

sabendo que cada recomeço faz suas cicatrizes,

mas estou pronto para cada uma,

costurando minha colcha de retalhos,

sou um andarilho de minha própria alma,

tornando-me um Nietzsche cibernético,

de um presente incógnito e um futuro não tão maldito...