SOMOS DAQUI?
Sou de um pé de Serra
Chuvoso, porém seco
Chuvoso de aventuras e histórias
Seco de caráter e opinião
Devemos mudar o mundo
Mas não começar por meu torrão
Porque aqui é difícil
E por isso eu não preciso
Verdade de opinião;
Mas deixa o povo padecer
Porque cada um sabe no que crer
Se eu não tenho crença em ideais,
Eu passo...
Mas quem tem se não morre
Fico logo intrigado;
Cabeças pensantes?
São desaforos,
E quando choram
Ninguém lhe atende o rogo
Porque já não merecem
Por desafiar titãs e tolos;
A ordem dos mais fortes existe
Ai dos mais fracos que não desistem,
Porque caso não façam, eu faço
E desse jeito vai vivendo
A vida enquanto compasso
Aqui ninguém escuta nada
Apenas a voz do vento miada
Mas não se sabe se de choro ou poesia
Poesia não, é perigoso!
E vamos vivendo nesse choro
Lamentando o pobre do sertão
Posso muito bem culpar os outros
Enquanto não acho a solução
Porque consciência não tenho
E se a tenho, ela só me favorece
Pois pensar nos outros é errado
Pensar só em mim é o que faço
Nunca desafio nada
Pois a minha opinião
Pode ser entendida como errada
E o medo de não ser
É o que tenho
E não passa.
Poema também publicado no site: www.igsweb.com.br e ajudado na estrutura de alguns versos da professora Valdenira Albuquerque.