Tardes Proustianas

Se belo, tardio e triste chega o crepúsculo

Para esquecer a maquiagem do raiar da aurora

A fragilidade da soberba testorogênica dos músculos

Que no tempo se une as rugas e rusgas que agora

Toma o caminho silencioso para a morte

Que encolhe a estrada de quem escolhe

Se aparências desmoronam dos mais fortes

O que se reprova acolhe ou se recolhe

Da história muda e então calada

Dos amores que secaram no sol escaldante

O gosto de ansiedade obsecada

O cansado partir do retirante

Ficou o instante límpido fotográfico

A proposta congelante do passado

Os caracteres do alfabeto indo-arábico

Para grafitar o que foi codificado.

Henrique Rodrigues Soares – Horas de Silêncio

Agosto 2015