O HOMEM SEM METAFISICA

O que fará você, se já não existe amanha

Que fará você, se os pulsos dos sonhos foram cortados

E sangram fartamente no espelho

O que fará você, homem desalumiado

No escuro sem luz?

O que fará você, que não enxerga

Além das trevas das velhas convicções?

O que fará você com sua imaginação morta na sala de estar?

O que fará você com a desarticulação sem jeito do cinismo

Que fará você sem o festim das ilusões?

Que fará você com esta brutal consciência aparecendo a todo momento,

Por todos os ângulos, mesmo quando fechas teus olhos?

Para onde te levará o cavalo da incerteza que cavalgas , pelas ruas sem sentido da existência?

Que fará você quando souberdes que os seus mitos morreram e que a morte os revelou sSujos, fúteis e humanos?

Que fará você se o plano de se jogar da janela, não mais será possível, simplesmente porque não existe janela e o revolver da gaveta, sumiu sem que você saiba seu paradeiro e mesmo que soubesse, a coragem lhe faltar?

Ah pobre homem, se descobrisse o quanto é doce não ser nada e ter consciência disso

Mais que isso, aceitar-se assim, inútil, sem mágoas, fútil, sem vaidades, apenas grato pela existência, um ser capaz de viver sem perguntas. Um homem sem metafisica.

Como um animal de estimação, estendido no sol da manhã, sem metas, nem planos, há não ser viver a vida que te deram, sem que você saiba o porquê, nem se interessar em sabe-lo.

Um ser enfim sabedor que a única coisa grande que possui é o seu desconhecimento.

Assim quando a morte tocar o seu sino entristecido, você estará pronto, sem se preocupar em estar pronto, nem o que o destino lhe reserva, pois você saberá que futuro obscuro não é um bem que se possa ter e que portanto, nunca lhe pertencerá.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 29/08/2015
Reeditado em 29/08/2015
Código do texto: T5363152
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