"O Mergulhão"

Como um mergulhão cego no fim da vida,

Arrisco meu último e finito mergulho na alma,

A superfície calma, sem ondas,

Que agora se faz arranhada.

E não é mais densa,

Nem doce, tensa ou salgada.

É o ar onde respiro, no ensejo da madrugada,

No frio do perverso mistério em que tudo se faz,

Nas entranhas adversas de um suposto universo,

Onde a transparência do “vidro” subjugada

Despede-se do orgulho de uma vida “prescrita”,

Sob a dúvida elucidada no seu coração

Pela aflição do meu mergulho...

...no fim da vida o "Mergulhão" morre de fome, seus olhos sofrem um grande desgaste e ficam cegos após passar a vida mergulhando em busca de comida até vinte metros abaixo da superfície do mar com os olhos abertos.