Pessoa

Quando velho estarei morto

Cada movimento será pesado

O tempo não será gentil comigo

Não espero gentilezas do universo

Não guardo nenhum de meus versos

Veem e se jogam no papel

Sem nenhuma licença

Tomam meu lugar

Embebedam-me

Suas letras surgem como violetas

Leia-me de trás para frente, mas não leia meus versos

São escuros

Esboçam certa luz

Só fingem tentar alcançar o interruptor

Conseguem somente acender uma brasa

Um fogo breve

Mistura realidades paralelas

Expressam seus próprios corpos

Invadem meu sono, atrapalham.

Já disse a eles que não valem de nada

De nada valeram até então

Que velho estarei

Olharei o horizonte conquistado

Vaiarei seu sentido

Do que adianta estar aqui

Sentado onde não estou, onde não sou

Segurando essa linha invisível

Se alimentando de poeira

Vomitando asneiras

Uma lembrança de quando um dia isso pareceu algo que valesse a pena

Poderia morar nesse quadro

E nunca mais me levantar

Ter comigo um apoio confortável para a cabeça

E um show de labaredas para me entreter

Queria não estar são

Falsificar minhas emoções, para que ninguém as questionem

Para quando questionassem o meu objetivo

Que eu diga: dormir

E efetivamente fechar os olhos e não pensar em mais nada